O Chohan Fala Sobre a
Mística Cristã,
e Avalia a Condição Moral do Mundo

A edição brasileira de “Cartas dos Mestres
de Sabedoria”, e uma imagem popular de Cristo
* O Maha-Chohan é um Mahatma ou Adepto mais elevado, a quem os mestres espirituais de Helena P. Blavatsky reverenciam como seu mestre. Alguns estudantes se referem a ele como “mestre dos mestres”. A Carta 01 de “Cartas dos Mestres de Sabedoria” [1] reproduz o documento geralmente conhecido como “Carta do Maha-Chohan”. Trata-se de uma carta de 1881, escrita por um Mestre de Sabedoria que narra o que o Maha-Chohan disse quando consultado sobre o dharma e o dever do movimento teosófico moderno, fundado quase sete anos antes, em 1875.
* O documento é visto por estudantes experientes como um dos textos teosóficos mais importantes de todos os tempos. O mestre faz críticas severas às religiões dogmáticas, mas expressa uma visão positiva sobre o Cristianismo Místico e as tradições de sabedoria interior presentes nas diferentes religiões.
* O Chohan afirma: “O Cristianismo místico, isto é, aquele Cristianismo que ensina a autolibertação através do nosso próprio sétimo princípio [2] - o Para-Atma (Augoeides) libertado, chamado por alguns de Cristo, por outros, de Buda, e equivalente à regeneração ou renascimento em espírito - será visto como exatamente a mesma verdade do Nirvana do Budismo. Todos nós temos de nos livrar de nosso próprio Ego, o ser ilusório e aparente, a fim de reconhecer nosso verdadeiro ser em uma vida divina transcendental. Mas, se não formos egoístas, devemos esforçar-nos e fazer com que outras pessoas vejam essa verdade, e reconheçam a realidade desse ser transcendental, o Buda, Cristo ou Deus de cada pregador.”
* E o que se pode pensar da situação moral da humanidade? O mestre reproduz as palavras do Chohan: “Para serem verdadeiras, a religião e a filosofia têm de oferecer a solução de todos os problemas. Que o mundo esteja moralmente em tão má condição é uma evidência conclusiva de que nenhuma de suas religiões e filosofias, aquelas das raças civilizadas menos do que qualquer outra, jamais possuíram a verdade.” (Parágrafo final da Carta.)
* As palavras “raças civilizadas”, no trecho acima, são uma referência às nações materialmente mais ricas do Ocidente, isto é, os países colonialistas e neocolonialistas que se apresentam como “a polícia do mundo” e fabricam guerras para impor o seu poder.
* O fato de que o movimento teosófico começou a fracassar no terreno da Ética ainda enquanto HPB estava fisicamente viva pode ser constatado lendo o artigo “A Autocrítica de Helena Blavatsky”. É fácil, portanto, compreender que a tarefa central dos teosofistas no século 21 inclui enfrentar e realizar a tarefa que agora desafia a humanidade, porque a moralidade é a arte de plantar bom Carma, e todos devem fazer por merecer, antes de desejar progresso espiritual.
* A Carta do Maha-Chohan faz um alerta em um dos seus primeiros parágrafos: “Entre a superstição degradante e o ainda mais degradante e brutal materialismo, a pomba branca da verdade dificilmente encontra um lugar onde possa descansar seus pés desprezados e exaustos.”
* Algumas linhas mais adiante o Chohan acrescenta: “As doutrinas fundamentais de todas as religiões se comprovarão idênticas em seu significado esotérico, uma vez que sejam desagrilhoadas e libertadas do peso morto representado pelas interpretações dogmáticas, dos nomes pessoais, das concepções antropomórficas e dos sacerdotes assalariados. Osíris, Krishna, Buda e Cristo serão apresentados como nomes diferentes de uma mesma estrada real para a bem-aventurança final, o Nirvana.”
* O fato de que há muitas ideias centrais em comum entre o cristianismo místico e os Mestres de Sabedoria do Oriente fica claro também na Carta 02 da primeira série em “Cartas dos Mestres de Sabedoria”: “Sejam verdadeiros, leais a suas promessas, ao seu dever sagrado, ao seu país e a suas próprias consciências”, diz a Carta. E o mestre acrescenta: “Sejam tolerantes com os demais, respeitem os pontos de vista religiosos dos outros, se desejam que os seus próprios sejam respeitados.”
* Num pós-escrito à mesma carta, o mestre menciona a necessidade de autopurificação e perdoa os erros pessoais dos estudantes. Ao referir-se ao dever moral de cada peregrino, o instrutor usa palavras que são ouvidas com frequência em círculos cristãos, como pecado e perdão:
* “Que nenhum Carma adicional seja atribuído àqueles que pecaram no ano que passou, em pensamento bem como em ação. Pessoalmente estão perdoados. Que um novo ano e novas esperanças iniciem para eles.”
NOTAS:
[1] “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, transcritas e compiladas por C. Jinarajadasa, Editora Teosófica, Brasília, 1996, 295 páginas. Ver carta 1, primeira série, pp. 17 a 22. A Carta do Maha-Chohan está disponível nos websites da Loja Independente de Teosofistas.
[2] Os mestres de sabedoria com frequência se referem aos sete princípios da consciência humana, porque eles nos permitem compreender a ligação entre os seres humanos e a vida cósmica. Sobre este tema central - largamente ignorado em pseudoteosofia - leia os artigos “Os Sete Princípios da Consciência”, “Os Sete Princípios do Movimento”, e “A Ponte Entre Céu e Terra”.
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O artigo acima foi publicado como item independente nos websites da Loja Independente de Teosofistas no dia 30 de março de 2025. Uma versão inicial do texto faz parte da edição de julho de 2023 de O Teosofista, ainda sem indicação do nome do autor e sob o título de “Ideias ao Longo do Caminho”.
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Leia mais:
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Helena Blavatsky (foto) escreveu estas palavras: “Antes de desejar, faça por merecer”.
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