21 de janeiro de 2014

O Vazio do Mundo das Formas

O Que Buddha Ensinou a Um Discípulo

Carlos Cardoso Aveline

 

 
Afirma-se que em certa ocasião o discípulo Ananda pediu a Buddha que ensinasse a prática de três formas de estudo filosófico: samatha, samapatti e dhyana. [1]
 
Vejamos algo do ensinamento de Gautama Buddha sobre estes três fatores da caminhada.
 
1) Samatha consiste no estudo meditativo de tudo o que há e no reconhecimento de tudo o que existe como sendo vazio, ou imaterial
 
O leigo pensa que as coisas e os seres têm substância própria durável. Não é verdade.
 
2) Samapatti consiste no estudo meditativo de tudo o que existe como sendo irreal, transitório ou temporário
 
Não é difícil perceber que todos os seres e objetos perceptíveis são impermanentes: inclusive aquele que observa o fato da impermanência. No entanto, a essência do observador, a “testemunha interna”, permanece.
 
3) Dhyana consiste  no estudo meditativo e contemplativo da unidade entre os dois pontos anteriores.
 
A palavra “dhyana” é normalmente traduzida como “meditação”.
 
Podemos definir meditação como a percepção do caráter vazio e transitório de tudo o que nos rodeia externamente, e de tudo o que experimentamos no mundo. 
 
Só a Eterna Percepção, em si mesma, é real. E esta é uma função da consciência celeste do Eu Superior, que vive em unidade com a Lei da Justiça e da Renovação.
 
Nesse caso, não se trata da percepção disso ou daquilo especificamente. Trata-se da percepção em si, sem objeto. O que ocorre é uma união e uma identidade da própria alma do indivíduo com a Lei interior e universal que governa a vida. Deste modo o peregrino se liberta de assuntos mesquinhos, deixa de lado ilusões de curto prazo e ergue-se na direção do céu enquanto tem plena saúde física.
 
A prática correta leva à iluminação. A disciplina espiritual, como toda forma constante de ação meditativa, está ligada à renúncia. O desapego, ou vairagya, anda ao lado da comunhão, da noção interior de unidade no plano da essência.
 
NOTA:
 
[1] “The Surangama Sutra”, Charles Luk / Lu K’uan Yu, Rider & Co., London, 1966, 262 pp., ver pp. 3 e seguintes.
 
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Uma versão inicial do artigo acima foi publicada de modo anônimo em “O Teosofista”, edição de junho de 2010. O artigo foi revisto e atualizado pelo autor em dezembro de 2022.
 
Veja o texto clássico “Reflexões Sobre a Impermanência”, de Matias Aires. 
 
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Pequenas Ações Concretas
 
* A teosofia deve ser aplicada à vida diária. Reveja o texto acima, escolhendo os pontos mais úteis. Registre em um caderno de anotações aquilo que chama atenção por ajudar você no momento atual. Comente com seus amigos sobre isso.
 
* O propósito de obter conhecimento é colocá-lo em prática.
 
* Aceite, e exerça, o privilégio de pensar com calma. Imprima os textos que estuda dos websites associados. Com frequência a leitura em papel permite uma compreensão mais profunda. Ao estudar um texto impresso, o leitor pode sublinhar e fazer comentários manuscritos nas margens, ligando diretamente o texto à sua realidade concreta.
 
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