22 de fevereiro de 2014

Ressonância

O Processo da Sintonia Entre Almas e Mentes

Augusto de Lima

Um violoncelo



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Nota Editorial:

Em certa ocasião, um dos sábios do Oriente que
inspiram o movimento teosófico moderno escreveu:

“Um grupo de estudantes das Doutrinas Esotéricas
que queira obter qualquer proveito espiritual deve estar
em perfeita harmonia e unidade de pensamento. Cada um,
individual e coletivamente, deve ser, no mínimo, totalmente
altruísta, gentil e pleno de boa vontade em relação a
cada um dos outros. (...) O que fere um deve ferir o outro
- aquilo que alegra ‘A’ deve encher ‘B’ de prazer.” [1].

A mesma ideia está presente no poema “Ressonância”.

Coincidência ou não, “A Voz do Silêncio”, uma antiga
obra usada pelas escolas esotéricas autênticas, usa a
mesma imagem simbólica do poema a seguir. Devemos
lembrar que a Vina é um instrumento musical de cordas,
na Índia, e é  semelhante à cítara. Diz “A Voz do Silêncio”:

“Os discípulos podem ser comparados às cordas da Vina,
que ecoa a alma. A humanidade é como a sua caixa sonora;
a mão que a toca é como o alento musical da GRANDE
ALMA DO MUNDO. A corda que deixa de responder ao
toque do Mestre em harmonia com todas as outras, se quebra
- e é jogada fora. O mesmo ocorre com as mentes coletivas dos
Lanus-Shrávakas. Eles têm que estar afinados com a mente do
Upadhyaya - em unidade com a Alma Maior - ou afastar-se.
(.....) Tu colocaste o teu ser em sintonia com o grande sofrimento
da Humanidade, ó candidato à luz? Colocaste? Podes entrar.” [2]

E este é o tema dos versos a seguir, do poeta Augusto de Lima.

(Carlos Cardoso Aveline)

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Ressonância

                                                             A Affonso Celso Júnior


Há na escala do alheio sentimento
mais de uma nota que, uma vez ferida,
vem despertar-nos na alma adormecida
a mesma vibração, o mesmo acento.

O violoncelo, o mágico instrumento,
basta que um som na orquestra comovida,
com os seus, ressonante, coincida,

ressoa, embora em mudo isolamento.
Mas se não tem a respectiva corda,
a nenhuma das vozes ele acorda
e indiferente se conserva a tudo.

O coração também: em cada fibra
responde a um toque irmão; mas quando o vibra
um sentimento estranho - fica mudo...


NOTAS:

[1] “Cartas dos Mestres de Sabedoria”, editadas por C. Jinarajadasa, Editora Teosófica, Brasília, 1996, 296 pp., ver Carta 3, da Primeira Série, pp. 24-25.

[2] Veja “A Voz do Silêncio”, de Helena P. Blavatsky, edição completa disponível em nossos websites associados, fragmento III, p. 29.  Em inglês, “The Voice of the Silence”, Theosophy Co., Los Angeles, 1987, 110 pp., ver p. 56.

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O poema acima foi reproduzido do volume “Poesias”, Augusto de Lima, Editora H. Garnier, Rio de Janeiro / Paris, 1909, 300 pp., ver p. 179. A ortografia foi atualizada.

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Para conhecer a teosofia original desde o ângulo da vivência direta, leia o livro “Três Caminhos Para a Paz Interior”, de Carlos Cardoso Aveline.


Com 19 capítulos e 191 páginas, a obra foi publicada em 2002 pela Editora Teosófica de Brasília.   

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